Café, chá verde e compostos bioativos no metabolismo: o que a ciência comprova
Café, chá verde e compostos bioativos no metabolismo: o que a ciência comprova
Olá, caro leitor! Aqui é o Dr. Álvaro Menezes da Silva, médico, pesquisador e apaixonado pela bioquímica do emagrecimento. Hoje vou responder a uma pergunta que, com certeza, já passou pela sua cabeça em algum momento: afinal, café e chá verde ajudam mesmo a emagrecer? Vamos analisar o que a ciência de verdade tem a dizer sobre esses compostos tão populares, com foco em evidências, sem achismos e com bom humor, porque metabolismo também pode ser divertido.
Antes de tudo: o que são compostos bioativos?
Os compostos bioativos são substâncias presentes em alimentos e bebidas que, mesmo não sendo essenciais como vitaminas ou minerais, exercem efeitos benéficos sobre a saúde. No caso do café e do chá verde, os candidatos mais importantes ao estrelato são:
- Teobromina e cafeína, do café;
- Catequinas (especialmente a epigalocatequina galato – EGCG), do chá verde;
- Ácido clorogênico, presente principalmente no café verde e no café comum.
Tais compostos atuam em áreas-chave como oxidação de gorduras, controle glicêmico, inflamação e até mesmo no humor e disposição. Mas será que isso basta para dizer que são “milagrosos para emagrecer”? Não tão rápido. Vamos com calma e com base científica.
O papel do café no metabolismo
Ah, o querido café! Com seu cheiro inconfundível e sabor acolhedor, essa bebida é uma das mais consumidas no mundo. Mas além de nos acordar de manhã, o café também atua no metabolismo energético.
Efeitos termogênicos
A cafeína, principal composto estimulante do café, é uma substância termogênica. Isso significa que ela eleva a temperatura corporal e acelera o metabolismo. Estudos mostram que a cafeína pode aumentar a taxa metabólica basal em até 11% em alguns indivíduos, o que se traduz em maior gasto calórico mesmo em repouso.
Oxidação de gordura
Pesquisas indicam que a cafeína pode estimular a lipólise, ou seja, a quebra de gordura armazenada. Em um estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, indivíduos que consumiram cafeína antes do exercício apresentaram maior mobilização de ácidos graxos livres no sangue.
Mas atenção: esses efeitos são mais pronunciados em pessoas que não consomem cafeína habitualmente. O organismo tende a desenvolver tolerância com o uso contínuo. Em outras palavras, tomar cinco xícaras por dia não vai transformar você num fogareiro metabolicamente ativo.
Chá verde: mais do que uma moda
O chá verde sempre aparece nas listas de alimentos “funcionais” e com razão. Suas propriedades vão muito além do modismo: ele é uma verdadeira farmácia em infusão. O grande destaque aqui vai para as catequinas, em especial a EGCG (epigalocatequina galato).
Impulsiona a termogênese
Assim como o café, o chá verde também tem efeitos termogênicos. Em um clássico estudo publicado na Journal of Clinical Nutrition, indivíduos que consumiram um extrato de chá verde com alta concentração de catequinas apresentaram uma elevação significativa do gasto energético diário, além de maior oxidação de gordura, comparados ao grupo controle.
Modulação dos hormônios do apetite
Outro ponto interessante é que o chá verde pode atuar na regulação da grelina, conhecido como “hormônio da fome”. Isso significa que seu consumo regular pode diminuir a sensação de fome, ajudando no controle da ingestão calórica, especialmente em dietas de restrição.
Outros compostos bioativos de destaque
Além dos citados acima, existem outras substâncias nos alimentos e bebidas que também têm mostrado efeitos positivos sobre o metabolismo:
- Capsaicina (presente em pimentas): potente termogênico;
- Resveratrol (encontrado na uva e no vinho tinto): antioxidante com potencial modulador do metabolismo lipídico;
- Curcumina (da cúrcuma): anti-inflamatória e reguladora de marcadores metabólicos.
Esses compostos não são milagres em partículas, mas podem agir como coadjuvantes importantes em um plano alimentar e comportamental bem estruturado.
Mas e o emagrecimento? Funciona mesmo?
Vamos ser francos: café e chá verde sozinhos não fazem emagrecer. Repita comigo: não fazem. O que a ciência mostra é que esses compostos podem contribuir positivamente com o processo de perda de peso, se associados a um estilo de vida saudável.
Ou seja, se você pensa em tomar três litros de chá verde por dia e continuar devorando fast food à noite, meu amigo, não há café sob o sol que resolva. Esses compostos são ferramentas complementares, e não substitutos de uma dieta equilibrada e da prática regular de atividade física.
Existe contraindicação?
Claro. Não somos todos feitos de um mesmo molde. Altas doses de cafeína podem causar ansiedade, insônia, taquicardia e distúrbios gastrointestinais. Pegar leve é fundamental. O ideal é não ultrapassar 400 mg de cafeína por dia – o equivalente a cerca de 4 xícaras de café.
No caso do chá verde, o excesso também pode inibir a absorção de ferro e afetar a função hepática em indivíduos sensíveis. Por isso, como bom médico que sou, deixo o conselho: antes de fazer mudanças bruscas nos seus hábitos, consulte um profissional de saúde.
Conclusão: beba com sabedoria, viva com estratégia
Para resumir, podemos dizer que:
- Café e chá verde contêm compostos bioativos que podem estimular o metabolismo.
- Esses efeitos são modestos, mas reais, sobretudo quando associados a hábitos saudáveis.
- Não existe fórmula mágica para emagrecer, mas sim um conjunto de estratégias inteligentes.
Portanto, meu caro leitor, fique à vontade para continuar tomando seu cafezinho ou sua xícara de chá verde – com prazer e, agora, com conhecimento de causa. E lembre-se: ciência e bom senso são ingredientes indispensáveis da perda de peso bem-sucedida.
Até o nosso próximo encontro aqui na editoria Ciência do Emagrecimento, onde a ciência tem voz, humor e propósito!
Dr. Álvaro Menezes da Silva
Médico endocrinologista, pesquisador e defensor da informação baseada em evidência

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