O que os estudos mostram sobre remédios para emagrecer: riscos e benefícios
O que os estudos mostram sobre remédios para emagrecer: riscos e benefícios
Se você está em uma batalha constante contra a balança e já se perguntou se os remédios para emagrecer são uma solução viável, saiba que você não está sozinho. Eu sou o Dr. Álvaro Menezes da Silva, médico com mais de 20 anos de experiência em endocrinologia e metabolismo, e hoje vamos explorar, com base científica, os prós e contras dos medicamentos utilizados no tratamento da obesidade.
Antes que você pense em correr para a farmácia ou se entregar à tentação de compras online (e ilegais) de pílulas milagrosas, pare tudo. Vamos aprofundar juntos o que a ciência revela sobre esses medicamentos — com responsabilidade, senso crítico e, claro, uma dose de bom humor.
O que são remédios para emagrecer?
Medicamentos para emagrecimento (ou antiobesidade) são fármacos prescritos com o objetivo de auxiliar no controle do peso em pessoas com sobrepeso ou obesidade. Eles agem de diferentes formas, como:
- Redução do apetite
- Inibição da absorção de gordura
- Aumento da sensação de saciedade
- Aceleração do metabolismo
Esses medicamentos devem sempre ser utilizados sob prescrição médica e acompanhados de mudanças comportamentais e alimentares. A chave é a combinação, não a mágica.
Principais medicamentos aprovados no Brasil
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso de alguns medicamentos com eficácia comprovada. Entre os mais comuns estão:
- Sibutramina – atua na saciedade e no controle do apetite.
- Orlistate – inibe a absorção de gordura no intestino.
- Liraglutida (Saxenda) – um análogo do GLP-1, usado via injeção subcutânea.
- Bupropiona/Naltrexona (Contrave) – combinação que atua em receptores cerebrais de recompensa e apetite.
Vale destacar que a anfetamina e seus derivados continuam sendo alvo de muita controvérsia e são proibidos em vários países devido aos riscos consideráveis à saúde.
O que diz a ciência sobre a eficácia?
Vamos aos números — porque a ciência não se faz com achismo. Estudos clínicos randomizados demonstram que os medicamentos antiobesidade podem promover uma perda de peso adicional em relação à dieta e ao exercício físico isoladamente. Os resultados variam de acordo com o medicamento:
- Orlistate: média de perda de peso em torno de 2,5 a 3 kg em um ano.
- Sibutramina: cerca de 4 a 5 kg a mais do que placebo em 12 meses.
- Liraglutida: pode alcançar redução de até 8% do peso corporal.
- Bupropiona/Naltrexona: média de 5% a 9% do peso total.
Embora pareça animador, é importante lembrar: a resposta é muito individual. O corpo humano é teimoso, e cada organismo reage de maneira diferente.
Quais são os riscos e efeitos colaterais?
1. Sibutramina
Muito eficaz para alguns pacientes, mas exige extremo cuidado. Pode elevar a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de trazer efeitos como:
- Insônia
- Boca seca
- Ansiedade
Não é indicada para quem tem histórico de doenças cardiovasculares.
2. Orlistate
Quer continuar comendo feijoada e fritura em paz? Melhor pensar duas vezes. O Orlistate impede a absorção da gordura ingerida — e o resultado pode ser, digamos, escatológico:
- Flatulência com liberação de óleo
- Urgência para evacuar
- Fezes oleosas
Apesar disso, é um dos remédios com melhor segurança a longo prazo.
3. Liraglutida
Como todo medicamento injetável, pode causar incômodo no local da aplicação. Além disso:
- Náuseas (muito comuns no início)
- Constipação
- Casos raros de pancreatite
Por outro lado, é uma das opções mais promissoras para pacientes com obesidade grau II ou III.
4. Bupropiona/Naltrexona
Essa famosa dupla precisa de vigilância, especialmente em pessoas com histórico de depressão, pois pode:
- Aumentar o risco de pensamentos suicidas
- Causar tontura e náuseas
- Aumentar a pressão arterial
Remédios sem prescrição: um perigo silencioso
Infelizmente, o mercado paralelo está cheio de promessas vazias e produtos perigosos — muitos sem registro na Anvisa. Fórmulas “naturais”, cápsulas secretas e misturas chinesas milagrosas vendidas na internet são, na prática, um convite ao desastre.
Vários desses produtos contêm substâncias não declaradas, como anfetaminas, diuréticos e laxantes, que podem causar desde arritmias cardíacas até falência renal.
Portanto, nunca utilize medicamentos para emagrecer sem avaliação médica. Isso não é perda de peso — é roleta-russa.
Quem pode usar remédios para emagrecer?
De acordo com diretrizes da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a prescrição é recomendada para:
- Pessoas com IMC ≥ 30 kg/m² (obesidade), sem necessidade de doenças associadas
- Pessoas com IMC ≥ 27 kg/m² com comorbidades relacionadas ao peso, como diabetes tipo 2, apneia do sono e hipertensão
Conclusão: remédio não é atalho, é ferramenta
Se você chegou até aqui, parabéns. A maior parte das pessoas quer apenas uma resposta rápida — mas a verdade é que a obesidade é uma doença crônica, complexa e multifatorial. Medicamentos podem, sim, ser ferramentas valiosas no processo de emagrecimento. Mas só funcionam com:
- Orientação médica
- Reeducação alimentar
- Atividade física regular
- Alterações emocionais e comportamentais
Como afirmo sempre em meu consultório: remédio não substitui mudança de vida — apenas facilita o caminho.
E lembre-se: se algo promete resultado sem esforço, desconfie. Emagreça sim, mas com ciência, com saúde — e com responsabilidade.
Até a próxima!
Dr. Álvaro Menezes da Silva – Endocrinologista, Pesquisador e defensor incansável da verdade científica aplicada ao emagrecimento.
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