Bioimpedância, DEXA e balança: o que realmente mede seu progresso?
Bioimpedância, DEXA e balança: o que realmente mede seu progresso?
Se você está em uma jornada de emagrecimento e saúde — ou como gosto de dizer, “desinflamação metabólica sustentada” — provavelmente já se perguntou: afinal, o que realmente mede meu progresso? A balança te chama toda manhã, a bioimpedância promete desvendar seu corpo por dentro, e o exame DEXA soa como algo saído de um laboratório da NASA.
Sou o Dr. Álvaro Menezes da Silva, médico nutrólogo com um pezinho em endocrinologia e outro firmemente plantado na Ciência do Emagrecimento racional. Hoje, vamos juntos, com bom humor, clareza e evidência científica responder: qual desses métodos vale seu tempo, seu dinheiro e — por que não? — sua ansiedade?
A balança: velha conhecida, mas pouco otimista
A balança é como aquele amigo sincero. Não mente. Mas também não conta a história toda. Quando você sobe nela e vê um número, é só isso: um número que representa o seu peso total. Nada mais. Nada de gordura corporal, músculo, líquido ou alterações hormonais. Ela é democrática, mas superficial.
Então por que ela ainda é tão usada?
Porque é fácil, rápida e — admitamos — um hábito adquirido. Mas ponha uma coisa na cabeça: o peso absoluto diz pouco ou quase nada sobre seu progresso real. Acordou pesando 800g a mais? Pode ser retenção. Perdeu 1kg da noite para o dia? Parabéns, provavelmente desidratou. É por isso que, como cientista da saúde, eu cautelosamente digo: use a balança, mas não a idolatre.
Bioimpedância: os bastidores do corpo em segundos
A bioimpedância elétrica, ou simplesmente BIA, ganhou fama nos consultórios e academias. Alguns modelos são bem simples, outros tão elaborados que parecem uma cabine de teletransporte.
Como funciona?
Ela envia uma corrente elétrica de baixa intensidade pelo seu corpo, analisando resistência e reatância — em termos leigos, a forma como água e tecidos reagem ao choque. Daí, por meio de fórmulas estatísticas, ela estima:
- Porcentagem de gordura corporal
- Massa magra
- Massa óssea
- Índice de hidratação
Mas é confiável?
Depende. A BIA é sensível a diversos fatores:
- Quando você comeu
- Se bebeu água
- Atividade física recente
- Ciclo menstrual (no caso das mulheres)
Por isso, no consultório, aplicamos protocolos rígidos para coletar dados comparáveis. Nada de medir após a feijoada do sábado ou antes do café às pressas na segunda.
A bioimpedância é útil, principalmente para acompanhar tendências ao longo da jornada. Está ganhando massa magra? Perdendo gordura? Se repetida nas mesmas condições, ela responde melhor que qualquer balança.
DEXA: o padrão-ouro da composição corporal
DEXA (ou DXA), sigla para Dual-Energy X-ray Absorptiometry, é o método que os estudiosos usam pra separar o joio do trigo. É um exame de imagem que utiliza dois tipos de raio-X para avaliar com precisão a composição corporal.
O que o DEXA analisa?
- Porcentagem e distribuição da gordura corporal
- Densidade óssea (excelente para detectar osteoporose)
- Quantidade de massa magra em cada segmento do corpo
- Distribuição da gordura visceral (aquela perigosa, inflamatória)
Sabem nos filmes de ficção científica quando o personagem se deita numa cama e seu corpo é escaneado em segundos? O DEXA é quase isso. Simples, rápido, não invasivo e profundamente revelador.
Mas doutor, tem radiação?
Sim, mas mínima — cerca de 1/10 da radiação de uma radiografia de tórax. Nada preocupante se feito esporadicamente e com indicação médica. O problema? Custo e acesso. Nem todo mundo tem um laboratório com DEXA na esquina, e o exame pode sair por algumas boas centenas de reais.
Qual o melhor método, afinal?
Depende do que você precisa medir, da frequência e do seu objetivo. Vamos destrinchar:
1. Para o autoconhecimento do dia a dia:
A balança serve. Use-a preferencialmente uma vez por semana, logo pela manhã, após o número dois (sim, ciência também é intestino!) e antes do café.
2. Para acompanhar mudanças na composição corporal:
A bioimpedância é prática e útil. Faça-a sempre nas mesmas condições, mensalmente ou a cada 45 dias. E, se possível, com aparelhos confiáveis (nada daquelas balanças de farmácia, por favor).
3. Para avaliações clínicas, atletas ou casos mais críticos:
O DEXA é imbatível. Ideal para quem precisa entender quanto de gordura visceral carrega, ou onde a sarcopenia está instaurada. Na dúvida, consulte um profissional que saiba interpretar os resultados com base científica, não achismo.
Dica bônus do Dr. Álvaro: como medir progresso de verdade
Se você vai levar a sério (e com leveza) sua jornada, precisa mais que um número para validar seu esforço. Aqui vão formas inteligentes de medir progresso real:
- Fotos de evolução: mesmo ângulo, mesma luz, mesmas roupas. Nada mostra mais que a imagem crua.
- Medições corporais: circunferência abdominal, cintura, quadril, braço e coxa. Feitas a cada 30-60 dias.
- Performance e disposição: está com mais energia? Dorme melhor? Consegue subir escadas sem bufar? Isso é progresso.
- Exames laboratoriais: reduziu insulina, triglicerídeos, PCR-us ou circunferência abdominal? Progresso metabólico detectado.
Considerações finais
Se a sua jornada for guiada apenas pela balança, você vai viver um enredo de emoções dignas de novela mexicana. Compreender o próprio corpo com ciência é libertador.
Não se prenda a um único número. Lembre-se: emagrecer não é só perder peso, mas ganhar saúde, funcionalidade e autonomia. A escolha do método ideal será sempre um equilíbrio entre precisão, frequência e propósito.
Nosso corpo não é uma planilha de Excel. É um organismo dinâmico, cheio de nuances, ajustes e respostas que merecem ser lidas com inteligência — e um toque de bom humor.
Até o próximo artigo, com mais ciência, equilíbrio e verdades nuas e cruas. Afinal, ninguém muda a composição corporal com achismo — mas com o método certo, tudo se transforma.
Com respeito e evidência,
Dr. Álvaro Menezes da Silva
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