Menos 32 quilos e mais segurança: a ex-porteira que virou educadora alimentar na região metropolitana de Aracaju
Menos 32 quilos e mais segurança: a ex-porteira que virou educadora alimentar na região metropolitana de Aracaju
É, minha filha… a vida tem dessas reviravoltas que a gente nem imagina. Um dia, você tá ali, com a cabeça baixa, vigiando portão de prédio e pensando como vai pagar o gás no fim do mês. No outro, tá atendendo gente de todo canto, mostrando que é possível perder peso sem perder a alegria. Essa é a história de Maria da Glória, uma mulher arretada, que trocou a farda de porteira por um jaleco colorido de educadora alimentar. E hoje, com 32 quilos a menos, ela não pesa só menos na balança – pesa mais na autoestima, na saúde e no orgulho de ser quem é.
Uma vida apertada entre portões e marmitas
Glória – ou Glorinha, como é carinhosamente chamada lá no Conjunto Rosa Elze, em São Cristóvão, região metropolitana de Aracaju – nunca teve vida fácil. Mãe solteira de dois filhos, começou a trabalhar como porteira de condomínio aos 27, depois que uma vizinha indicou ela “porque era firme, mas simpática”. E era mesmo. Com sorriso no rosto e um jeitinho doce de falar, conquistava todo mundo. Mas ali dentro daquele uniforme apertado, escondia uma mulher cansada, inchada e com a saúde em frangalhos.
“Eu passava o dia sentada, comendo qualquer coisa que coubesse na lancheira. Bolacha, pão com salsicha, refrigerante… achava que precisava de energia, mas era só vício mesmo”, conta ela, com aquele sotaque sergipano gostoso de ouvir. “Chegava em casa moída, com as pernas parecendo que carregaram o mundo. Mas quem ia cuidar da Glorinha? Ninguém.”
Quando a balança começa a bater mais forte que o coração
A virada começou sem aviso, como costumam começar as grandes viradas. Foi no dia em que ela subiu na balança de uma farmácia e viu 98,7kg piscando na telinha. “Na mesma semana, tive uma crise de pressão alta no serviço. Me levaram pro hospital, e o médico falou que se eu não mudasse, ia virar cliente fixa lá. Foi um tapa sem mão.”
Glória voltou pra casa naquele dia sem fome, pela primeira vez em muitos anos. “Sentei na minha cama e chorei tanto que parecia que ia desidratar. Me perguntei: o que é que tô fazendo da minha vida? Não podia morrer e deixar meus filhos sem mãe. Eles só têm a mim.”
Descobrindo que comer bem não é luxo
Sem dinheiro pra academia e muito menos pra nutricionista, Glória fez da internet sua aliada. Começou a seguir perfis de reeducação alimentar de forma criteriosa, assistia vídeos gratuitos e lia blogs especializados. Mas mais importante: olhou pra dentro. “Tudo que eu comia era por ansiedade. Tinha dia que alguma moradora me tratava mal e eu comia três pães de raiva. Descobri que, antes de mudar a comida, eu precisava mudar a relação com ela.”
Fez suas primeiras trocas simples:
- Biscoito recheado por frutas secas ou banana com aveia
- Refrigerante por água saborizada com limão e hortelã
- Pão com presunto por tapioca com ovo mexido
E começou a andar a pé até o trabalho. “Era 40 minutos andando de manhã e mais 40 à noite. Mas eu dizia pra mim mesma: tu não vai morrer por isso não, minha filha. Vai viver!”
Os primeiros frutos (e que frutos!)
Depois de três meses, Glória perdeu 8 quilos. E com eles foi embora também a dor no joelho, as dores de cabeça e o desânimo. “Teve um dia que me olhei no espelho e pensei: essa mulé aí sou eu? Tinha uns ossos aparecendo que eu nem sabia que existia!”
Inspirada pela própria transformação, começou a compartilhar receitas simples e acessíveis nas redes sociais. Fez uma conta no Instagram com o nome “@DeBoasComComida” e só postava foto de prato colorido com pé no chão limpinho aparecendo (marca registrada dela).
De seguidora a referência
Com a página bombando, Glória percebeu que ajudava mais gente do que ela imaginava. “Tinha mulher do Maranhão me perguntando como fazer lancheira saudável pro menino. Homem de 130 quilos dizendo que começou a caminhar depois que me viu dançando no stories. Foi aí que me toquei: isso aqui é maior do que eu.”
Buscou um curso técnico de Educação Alimentar e Nutricional para Agentes Comunitários, promovido pela Universidade Federal de Sergipe em parceria com o SUS. Estudava à noite, cansada, mas feliz. “Eu queria ser autoridade sem arrogância. Falar com conhecimento e com verdade. Afinal, sei o que é comer miojo de segunda a sábado.”
Novo peso, nova profissão, velho coração
Com menos 32 quilos e um novo propósito, Glória pediu demissão do condomínio onde trabalhou por mais de uma década. Hoje, é educadora alimentar em uma ONG local que atende mulheres em situação de vulnerabilidade. Também dá palestras em escolas e faz lives semanais com temas como:
- Como montar marmita barata e saudável
- Emagrecer com dignidade: sem dieta louca, sem humilhação
- Reeducação alimentar na terceira idade
“Tem muita gente que acha que emagrecer é se torturar. Eu digo o contrário: é um reencontro com você mesma. Quando você se respeita, aprende a dizer não pro excesso, pro açúcar, pro sal… e até pra gente que não te faz bem”, ensina ela com um sorriso que dá gosto de ver.
Cláudia Regina opina: Glória é o Brasil que deu certo
Conheci a Glorinha pela rede, vendo uma live onde ela ensinava a “salada de gaveta” (aquela com restinhos de legumes da semana). De cara, me encantei. Por aqui, no SlimUp, a gente sempre diz que emagrecimento não é sobre corpo bonito – é sobre autonomia. E Glória representa isso com todas as letras.
Ela não teve consultor fitness, planner digital nem whey importado. Teve coragem, humildade e calor humano. E com isso, inspirou não só a vizinhança lá em São Cristóvão, mas também gente do país inteiro.
Que a história dela sirva pra te lembrar de algo importante: você não precisa de permissão pra mudar. Precisa de amor próprio, um plano possível e a força de um passo de cada vez. Porque se a realidade pesa, minha filha… é hora de dar leveza ao que tá ao seu alcance.
Quer seguir a Glória?
Procura por @DeBoasComComida no Instagram. Tem receita, alegria e verdade – tudo no mesmo prato. Como diria a própria: “não é gourmet, é gostoso e honesto”. E isso, né, é o melhor tempero que tem.
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