Da marmita ao microfone: o influencer periférico que viralizou com receitas simples para emagrecer

Da marmita ao microfone: o influencer periférico que viralizou com receitas simples para emagrecer

Se você acha que precisa de um estúdio chique, utensílios caros e ingredientes franceses pra fazer sucesso na internet, senta aqui que vou te contar uma história daquelas que aquece o coração — tipo sopa no inverno, sabe? Hoje, vou te apresentar Diego Campos, o cozinheiro da quebrada que transformou as marmitas da mãe num canal de emagrecimento que já ajudou mais de 300 mil pessoas a perder peso com comida de verdade e sem frescura. E olha, tudo começou com uma geladeira quase vazia e uma câmera de celular rachada.

Quem é Diego Campos?

Diego tem 28 anos, nasceu e cresceu no Jardim Itatinga, um bairro periférico paulista que, como vários outros por aí, sobrevive no limite entre o invisível e o resistir. Filho de dona Neuza, diarista, e seu Antônio, catador de recicláveis, ele aprendeu desde cedo a multiplicar o pouco — e transformar criatividade em sustância no prato.

“Eu sempre gostei de comer, mas gostava mais ainda de inventar”, me contou ele entre risadas. “Minha mãe fazia milagre com arroz, ovo e chuchu. Aí eu cresci achando que cozinhar era isso: experimentar e alimentar com amor.”

Influencer da quebrada, de chinelo e colher de pau

Foi durante a pandemia, com a renda da casa apertada e ele desempregado, que Diego teve a ideia de gravar as receitas que fazia pra ajudar a vizinhança a comer de forma saudável e, de quebra, perder uns quilinhos que todo mundo ganhou no isolamento social.

“Eu tava gordo, inchado, ansioso. A gente só tinha arroz, óleo e miojo. Aí comecei a pesquisar como transformar o que a gente tinha em comida mais leve, nutritiva. Descobri o poder das fibras, das leguminosas, da couve…”, relembra Diego.

Gravou o primeiro vídeo com um Samsung velho apoiado num rolo de papel higiênico, ensinando uma receita de “feijão turbinado com refogado de casca de abóbora”, que ajuda na digestão e dá saciedade. Obteve 43 visualizações em dois dias. E foi aí que tudo começou.

Receitas reais para gente real

A autenticidade de Diego cativou rápido. Ele não chega arrumadinho, cheio de termos técnicos e ingredientes que a gente nem acha no mercado. Ele fala gíria, frita com panela amassada e mostra que é possível comer bem — e emagrecer — com o que se tem no armário. Aos poucos, começou a ganhar audiência, seguidores e, com eles, responsabilidade.

“A galera vinha falar que tinha conseguido emagrecer 5, 8 até 12 quilos com minhas receitas. Eu pensei: ‘Ôpa! Isso aqui é sério’”, comenta ele. Foi aí que decidiu estudar nutrição por conta própria, com livros doados, vídeos de especialistas e cursos gratuitos. Hoje, seu conteúdo respeita orientações nutricionais básicas, sempre alertando que cada corpo é único e merece acompanhamento profissional.

Comida simples que emagrece de verdade

Diego aposta na reeducação alimentar, promovendo alimentos acessíveis que sustentam e ajudam a reduzir peso de maneira natural. Dentre suas receitas mais famosas, estão:

  • Omelete de batata-doce com couve
  • Caldo detox de legumes crus
  • Farofa de casca de banana com linhaça
  • Rondelli de repolho com frango desfiado
  • Bolo de aveia com abacaxi sem açúcar

E o melhor? Tudo feito em até 30 minutos e por menos de R$ 10 o prato. Porque, como ele mesmo diz: “Ser fit não é ser caro, é ser criativo.”

Da cozinha pro palco: o microfone como nova ferramenta de transformação

Quando alcançou os 100 mil seguidores no Instagram e no TikTok, Diego recebeu convites pra dar oficinas em ONGs, escolas públicas e até eventos de nutrição. No início, ia tímido, com papel na mão e gaguejando. Hoje, já se apresenta até em universidades como convidado para falar de transformação social e saúde na periferia.

“A gente vem da quebrada, e aqui a gente aprende fazendo. Não é só sobre emagrecer. É sobre tomar as rédeas da própria vida. A comida é só o começo disso tudo”, afirma com brilho nos olhos.

Diego também começou a gravar um podcast quinzenal, o “Lá de Casa”, onde entrevista outras pessoas da periferia que venceram o sedentarismo, o sobrepeso e o estigma social com criatividade, apoio mútuo e muita fibra (no prato e na atitude, viu?).

O peso que importa: autoestima, saúde e representatividade

O conteúdo do Diego viralizou porque toca num ponto que muita gente da periferia vive, mas não vê representado: a falta de acesso à informação saudável. Seus vídeos geram identificação porque ele fala com o povo, do jeito do povo, para resolver problemas reais. “Não tô aqui pra te vender pacote de academia nem shake milagroso. Tô aqui pra te mostrar que com cenoura, cebola, fé e organização, até o corpo muda. E a mente agradece.”

Diego também aborda temas como:

  1. Gordofobia e autoestima
  2. Distúrbios alimentares na juventude periférica
  3. Como montar uma marmita saudável com R$ 5
  4. Importância de sono e água no processo de emagrecimento

Clareza, empatia e propósito

Em cada palavra, Diego expressa seu compromisso com a comunidade. Com humildade, responde perguntas nos comentários, grava vídeos sob demanda e até criou um grupo de apoio virtual via WhatsApp, onde mais de 500 pessoas trocam receitas, dicas e desabafos. “A galera se ajuda. Uma manda o treino do dia, outra faz o antes e depois, outra pergunta qual tempero substitui o sal. Eu fico só babando, porque é pra isso que essa rede existe: pra gente se fortalecer junto.”

Conclusão: da panela ao coração do Brasil

A história de Diego mostra que emagrecimento não precisa ser elitizado, caro ou engessado. Pode — e deve — ser feito com afeto, criatividade e acolhimento. E no meio dessas panelas suadas e marmitas bem temperadas, encontramos não só saúde, mas também pertencimento.

Hoje, Diego sonha em abrir uma cozinha comunitária educativa, onde jovens aprendam a cozinhar, emitir nota, vender marmita, fazer a própria renda e ainda cuidar da própria saúde. “Se deu certo comigo, pode dar com qualquer um. A fome nunca mais me engana: agora eu sei alimentar meu corpo e minha alma.”

Esse é o tipo de influencer que a gente quer seguir, né? Comida simples, palavra sincera e um tempero de transformação social

Porque no final das contas, emagrecer com dignidade é mais que caber numa calça — é caber de volta em si mesmo.

Publication date:
Author: Cláudia Regina dos Santos
Jornalista investigativa com mais de 20 anos de atuação, especializada em saúde e alimentação. Com estilo empático e engajado, destaca questões sociais e estruturais, especialmente ligadas à população negra e periférica. Usa linguagem próxima e acessível para humanizar dados e estatísticas.

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