Como a dança de salão ajudou Idalina a perder 15 kg e ganhar alegria de viver

Como a dança de salão ajudou Idalina a perder 15 kg e ganhar alegria de viver

Se você acha que emagrecer precisa ser sofrido, cheio de contagem de calorias e restrições malucas, talvez nunca tenha conhecido a Idalina. Aos 62 anos, viúva desde os 55 e frequentadora assídua das festinhas da igreja do bairro, Idalina descobriu que dava, sim, para perder peso com leveza, passos de samba e muitas risadas. Essa é a história real de como uma mulher comum transformou sua vida ao encontrar ritmo, amizade e saúde na dança de salão.

Um recomeço no ritmo da vida

Quando a conheci, no Clube da Terceira Idade de São Vicente, Idalina estava com os olhos brilhando de orgulho. “Perdi 15 quilos, Cláudia! Mas ganhei muito mais do que isso: ganhei vontade de viver de novo!” — disse, com aquele sotaque gostoso do litoral paulista e um sorriso que cobria o rosto todo.

Idalina chegou à dança de salão meio por acaso. Após a morte do marido, enfrentou horas e mais horas de solidão, somadas à dificuldade de lidar com a comida emocional. “Eu não comia por fome, eu comia por saudade”, contou. E isso foi acumulando peso e tristeza.

Tudo começou a mudar quando a filha, preocupada com o sedentarismo da mãe, insistiu que ela frequentasse uma aula gratuita de dança de salão na associação do bairro. “Fui sem querer ir. Nem sapato eu tinha direito. Mas fui. E nunca mais parei!”, conta, com aquele ar sapeca de quem apronta e adora contar.

Mais que calorias, o corpo perdeu limitações

A princípio, a dança parecia apenas uma forma de distração. Mas ao longo dos meses, Idalina começou a notar pequenas — e lindas — mudanças:

  • As roupas ficaram mais folgadas
  • Subir escadas já não causava falta de ar
  • As dores no joelho diminuíram consideravelmente
  • O humor… ah, esse melhorou como nunca!

“Engraçado que eu nem percebi que estava emagrecendo. Diferente das dietas que sempre me deixavam ansiosa, a dança me fazia esquecer da balança. E foi aí que o resultado apareceu!”, contou, gargalhando ao lembrar que só reparou na mudança quando uma amiga disse que ela deveria apertar o vestido na costureira.

A ciência por trás da dança e do emagrecimento

Embora a história de Idalina seja tocante por si só, vale lembrar que há evidência científica por trás da eficácia da dança como ferramenta para perda de peso. Estudos mostram que uma hora de dança de salão pode queimar entre 200 a 400 calorias — dependendo da intensidade e do ritmo escolhido.

Mas os benefícios não param por aí. A dança ativa o sistema cardiovascular, melhora o equilíbrio, estimula a memória (decorar os passos exige concentração!) e ainda contribui para a produção de endorfinas, os famosos hormônios da felicidade.

O impacto emocional e social

Mas há algo que nenhum artigo científico pode quantificar com exatidão: o efeito curativo da conexão humana, do toque, do movimento em dupla.

Para Idalina, os benefícios emocionais foram tão ou mais importantes do que a perda de peso. “Voltei a me sentir bonita, desejada e, acima de tudo, viva!” — confessou, com os olhos marejados.

Com o tempo, ela formou um grupo de amigas na dança. Saem para tomar café juntas, organizam bailinhos no salão da paróquia e até criaram um grupo de WhatsApp chamado “As Pivôs do Passo”. Clichê? Talvez. Mas real? Com certeza.

Redescobrindo o prazer pelo próprio corpo

Um dos pontos mais emocionantes da jornada de Idalina foi o reencontro amoroso com o próprio corpo. Ela aprendeu a respeitar seus limites, celebrar suas conquistas e ter orgulho da mulher que se tornava a cada dia.

“Hoje eu me olho no espelho e não penso mais se estou gorda ou magra. Penso se estou feliz. E isso faz toda a diferença”, disse, enquanto se ajustava para a próxima aula, vestida com uma blusa florida e tênis com glitter que só ela teria coragem de usar numa terça-feira de manhã.

Por onde começar se você quiser seguir os passos dela

Se você se identificou com a história da dona Idalina e sentiu um calorzinho no peito, talvez seja hora de considerar dar o primeiro passo — literalmente. Veja algumas dicas que podem ajudar:

  1. Pesquise aulas gratuitas ou comunitárias: muitas cidades oferecem dança de salão nas unidades de cultura ou saúde.
  2. Não se preocupe com o ritmo — só vá: ninguém começa sabendo dançar. A graça está em errar junto e rir disso.
  3. Use roupas confortáveis: esqueça o salto. Um bom tênis e uma calça que permita movimento já são suficientes para começar.
  4. Não vá pela balança, vá pelo prazer: a perda de peso é uma consequência. Seu foco deve ser o bem-estar!

Você também pode conversar com o seu médico de confiança e, se necessário, um nutricionista, para acompanhar as mudanças no corpo com responsabilidade. Lembre-se de que o emagrecimento saudável respeita seu tempo e sua história.

A dança como metáfora e destino

Ao final daquela manhã, enquanto as outras senhoras se aqueciam ao som de um bolero animado, Idalina virou para mim e disse, com sua típica franqueza amorosa:

“Menina, se eu soubesse que dançar fazia tão bem, tinha deixado o arroz branco faz tempo!”

Rimos juntas. E foi ali que entendi de verdade: a dança foi, para ela, mais do que atividade física. Foi um convite à leveza. Uma maneira de reescrever a própria narrativa com mais cor, movimento e alegria.

O que fica dessa história?

Fica a inspiração. A coragem de recomeçar mesmo depois da dor. A importância de criar laços e de buscar prazer em cada passo.

E fica, principalmente, a mensagem de que o corpo da gente grita por movimento, por sorriso, por pertencimento. Às vezes, tudo o que ele precisa é de música e um passinho para frente.

Vai encarar esse novo ritmo?

Publication date:
Author: Cláudia Regina dos Santos
Jornalista investigativa com mais de 20 anos de atuação, especializada em saúde e alimentação. Com estilo empático e engajado, destaca questões sociais e estruturais, especialmente ligadas à população negra e periférica. Usa linguagem próxima e acessível para humanizar dados e estatísticas.

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