Descobri que ansiedade atrapalhava minha fome (e o que fiz pra melhorar)
Descobri que ansiedade atrapalhava minha fome (e o que fiz pra melhorar)
Por muito tempo, achei que meu apetite era meio doido. Tinha dias que eu comia três pratos no almoço e dias que esquecia completamente de comer. Sabe aquela sensação de estar vivendo no modo automático? Pois é. Até entender que isso tinha um nome — ansiedade — e que ela tava mexendo diretamente com a minha fome, foram meses de frustração e confusão. Mas como toda boa história de quem decide recomeçar, essa também tem um ponto de virada. E hoje quero dividir com você o que aprendi.
Quando a ansiedade se senta à mesa primeiro
Antes de tudo, deixa eu ser honesto aqui: eu achava que ansiedade era só “preocupação exagerada”. Mas na prática, ela se infiltrava em tudo: no meu sono, no meu humor e, especialmente, na minha alimentação. Comecei a perceber que as variações no meu apetite não estavam ligadas ao que eu comia, mas ao que eu sentia.
Algumas semanas eu simplesmente esquecia de almoçar, e só percebia quando começava a sentir tontura ou cansaço extremo no meio da tarde. Em outras, parecia que eu comia para “preencher um vazio”, mesmo sem fome nenhuma. E, claro, depois vinha a culpa, o incômodo no estômago e aquele círculo vicioso que só quem já viveu entende.
Como percebi a correlação
Foi numa conversa com um amigo que a ficha caiu. Ele me disse: “Rafa, já parou pra pensar que sua fome pode estar mais ligada à ansiedade do que à comida em si?” Na hora ri, daqueles risos com cara de “você tá forçando a barra”. Mas depois comecei a prestar atenção. Passei uma semana anotando o que comia, que horas comia e, principalmente, como eu estava me sentindo antes e depois de comer.
O resultado? Um mapa completo da minha ansiedade. Nos dias mais estressantes, eu pulava refeições. Nos dias em que meus pensamentos estavam acelerados, eu comia qualquer coisa em excesso. Bingo.
Os sinais que você pode estar ignorando
Se você também sente que sua relação com a comida anda estranha, talvez esses sinais te ajudem a ligar os pontos:
- Fome irregular: o apetite some por dias e depois volta com tudo.
- Comer rápido demais: sem saborear, sem consciência do que está ingerindo.
- Uso de comida como ‘recompensa’ ou fuga: “Tive um dia ruim, mereço um doce.”
- Indigestão frequente: mesmo sem ter exagerado na quantidade.
- Gatilhos emocionais: a comida aparece como resposta a tristeza, raiva ou medo.
Tudo isso, compilei com base não em teoria, mas na prática mesmo, no viver os dias e observar como meu corpo respondia. E foi só aí que comecei a fazer mudanças reais.
O que eu fiz pra retomar o controle
Se você acha que eu vou te dizer que virei adepto da meditação transcendental, respirei fundo e tudo se resolveu… errou feio, errou rude. Foi um processo. E continua sendo. Mas aqui vai o que funcionou pra mim:
1. Reeducação emocional (antes da alimentar)
Antes de pensar em melhorar minha dieta, percebi que precisava entender o que sentia. Passei a praticar o que gosto de chamar de “check-in interno”. Toda vez que sentia vontade de comer fora de hora, me perguntava: “Isso é fome ou é só uma emoção pedindo atenção?” Parece bobo, mas essa pergunta me salvou várias vezes.
2. Rotina mínima de autocuidado
É meio clichê, mas um mínimo de rotina salvou meu apetite. Estabeleci horários pra acordar, tomar café, almoçar e jantar. Nada rígido, mas suficiente pra dar pro meu corpo um pouco de previsibilidade. Isso acalmou a ansiedade mais do que eu imaginava.
3. Técnica do prato consciente
Simples e poderosa: nada de comer em frente à TV ou celular. Quando eu comia, era só isso. Comer com presença. Prestando atenção na textura do arroz, no cheiro do feijão, na acidez do limão. No começo eu ficava entediado. Depois, virei fã. Passei a comer menos e me sentir mais saciado.
4. Mexer o corpo (não por estética, mas por saúde mental)
Andar 15 minutos por dia, ouvir música enquanto lavo a louça, esticar as pernas após horas sentado. Pequenas movimentações que pareciam insignificantes foram transformando meu humor e reduzindo drasticamente os picos de ansiedade. Quando o corpo se mexe, a ansiedade treme nas bases.
5. Procurar ajuda profissional
Fazer terapia foi um divisor de águas. Não é sobre “ter problemas”, mas sobre ter alguém capacitado para te ajudar a se entender melhor. Com o apoio de uma psicóloga, fui soltando pesos internos que nem sabia que carregava — e isso teve reflexo direto no meu bem-estar… e na minha fome.
Não é só sobre comida. É sobre você.
Uma das armadilhas mais comuns de quem está começando do zero é achar que precisa mudar o que começa por fora. A dieta, o treino, o plano alimentar. Mas muitas vezes, a chave tá dentro. Claro, cuidar da alimentação é fundamental, mas aprender a perceber o porquê das nossas atitudes é o verdadeiro divisor de águas.
Hoje, eu ainda tenho dias bagunçados. Mas sei identificar melhor os gatilhos e aprendi a ter compaixão comigo mesmo. Comer em paz virou um compromisso meu comigo. E isso, meu amigo, não tem preço.
Seu recomeço também pode começar por aí
Se você vive nessa montanha-russa de fome e ansiedade, talvez essa seja sua deixa pra parar, respirar e se observar. Ninguém precisa começar grande. Aqui é Começando do Zero — e zero é um baita ponto de partida.
Vai por mim: quando você começa a escutar o que sente, seu corpo agradece. Sua mente respira. E a comida volta a ser o que sempre deveria ter sido — nutrição, prazer e equilíbrio.
Tá tudo bem começar bagunçado. O importante é não parar. E se precisar, tamo junto, porque aqui a gente recomeça, quantas vezes for preciso.
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