Falhei e comi besteira: e agora, desisto ou sigo em frente?
Falhei e comi besteira: e agora, desisto ou sigo em frente?
Você estava indo bem. Alimentação sob controle, rotina de treino firme, cabeça animada… até que o cheiro do pastel da feira, o barulho do pacote de batata frita abrindo ou aquele delivery no meio da madrugada te pegaram na curva. Resultado? Escorregou, comeu o que não devia e agora está aí, carregando culpa como se tivesse cometido um crime federal.
Respira. Eu sou o Rafael Lima Costa — e se tem alguém que já errou nessa vida, esse sou eu. Não só errei como aprendi que o erro faz parte do processo. Então larga esse chicote, senta aqui comigo e vamos conversar sério: comer besteira não anula o seu esforço.
Antes de tudo: o que é “comer besteira” mesmo?
Bora colocar as coisas em perspectiva. Toda vez que você diz que “comeu besteira”, o que realmente quer dizer?
- Que saiu do plano alimentar por algumas horas
- Que exagerou numa refeição
- Que cedeu a um impulso emocional
Em 99% dos casos, é isso. Agora, aqui vai uma verdade que ninguém gosta de ouvir: nenhuma dessas coisas tem o poder de destruir seu progresso. A não ser, claro, que você transforme isso numa bola de neve.
A armadilha do “já que…”
Esse é um dos maiores sabotadores de qualquer pessoa que está começando um processo de mudança. Você escorrega, come um pedaço de pizza, e o cérebro fala: “Já que comi isso, agora vou comer o resto e amanhã eu recomeço”.
Essa lógica é como furar um pneu e decidir furar os outros três porque “já estragou mesmo”. Nada faz menos sentido.
A chave está em não deixar o deslize virar padrão. Comer fora do planejado uma vez não sabota nada. Mas repetir isso por quatro dias seguidos porque “já estragou tudo”, aí sim a coisa complica.
Falhar é humano (e totalmente esperado)
Eu sei o quanto dá vontade de jogar tudo pro alto depois de sair da linha. Mas deixa eu te contar um segredo que quase ninguém te diz no começo de uma jornada de reeducação alimentar:
Você vai errar. Vai exagerar. Vai comer fora do plano. E tá tudo bem.
O importante não é tentar ser perfeito. O importante é aprender a retornar com consistência. Os resultados aparecem pra quem persiste, não pra quem nunca falha.
Ok, Rafael, mas o que eu faço agora?
Se bateu a bad pós-deslize, segue esse passo a passo que funciona comigo e com os alunos que ajudo:
1. Não entre em pânico
Você não ganhou 3kg de gordura em uma refeição. Retenção de líquido, inchaço momentâneo e variação de peso são normais após uma escapada. Não se pese no dia seguinte só pra alimentar a culpa. Respira e calma.
2. Assuma o controle consciente
Ao invés de tentar “compensar” com jejuns malucos ou treinos dobrados, apenas volte. Faça sua próxima refeição planejada. Volte à sua rotina. Compensar gera descontrole. Retomar gera equilíbrio.
3. Reflita (sem drama)
Se possível, tenta entender o que te levou a sair do plano:
- Foi fome real ou emocional?
- Você estava cansado, ansioso ou entediado?
- Foi falta de planejamento?
Essas respostas te ajudam a criar estratégias para a próxima vez. Relembrando: o erro não te define. O que você faz depois do erro, sim.
4. Cuide do seu discurso interno
Se a sua cabeça estiver cheia de frases tipo “sou um fracasso”, “estraguei tudo”, “não sirvo pra isso”, você precisa mudar a conversa. Literalmente, fale com você mesmo com gentileza. Diga: “Ok, eu saí do meu plano, mas isso não me torna incapaz. Vou continuar de onde parei.”
Quando o “descontrole” é frequente
Agora, se os deslizes estão virando uma constante — tipo toda semana você se “despenca” e fica tentando recomeçar — pode ser sinal de que o seu plano está rígido demais ou a sua abordagem está baseada só na força de vontade.
Ninguém sustenta uma mudança na base da força de vontade o tempo todo. Você precisa de um plano sustentável e adaptado à sua realidade. Isso inclui:
- Uma alimentação que você goste (sim, dá pra comer bem e gostar!)
- Previsibilidade: saber o que vai comer, onde e quando
- Planejamento: refeições pré-preparadas facilitam tudo
- Flexibilidade: saber que dá pra incluir as “besteiras” sem culpa
A diferença entre desistência e constância
Vou te contar algo direto da vida real: quem conquista resultados não é quem nunca comeu biscoito recheado. É quem consegue seguir o plano na maioria dos dias e lidar com os desvios com maturidade.
Desistência é parar. Constância é continuar, apesar das falhas.
E mais: continuar com um tropeço no meio é muito mais poderoso do que recomeçar do zero toda semana. Cada vez que você comete um erro e volta para o plano com calma e estratégia, você fica mais forte e resistente.
Conclusão: não, você não estragou tudo
Se você caiu, tropeçou, exagerou… levanta. A próxima refeição é sua nova chance. O próximo treino é o seu retorno. O seu processo não está perdido — está vivo, em construção e, sim, com curvas e quedas.
Se comer besteira fosse motivo pra desistir, eu nunca teria saído da fase do “começa e para”. Não desista de você por causa de uma refeição. Faça como eu faço até hoje:
- Errou? Assume.
- Respira fundo.
- Segue em frente.
Seu progresso a longo prazo vai agradecer. E eu estarei aqui comemorando cada vitória sua — inclusive as vitórias de levantar depois de cair.
Vamos em frente?
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