Comidinha de vó pode e deve entrar no seu cardápio
Comidinha de vó pode e deve entrar no seu cardápio
Se você acha que pra emagrecer vai ter que abrir mão daquelas delícias feitas no fogão da vó, vou te contar uma coisa: tá na hora de repensar isso aí. Aquele feijãozinho bem temperado, a mandioca cozida com cheiro-verde, a polenta cremosa… tudo isso pode SIM fazer parte de um plano alimentar equilibrado. E antes que você torça o nariz achando que isso vai “atrasar seus resultados”, já adianto: o problema nunca foi a comidinha da vó, mas sim a nossa relação com a comida.
Sou Juliana Rocha Alves, nutricionista apaixonada por comida de verdade, e o meu lema é: comer com consciência é mais eficaz do que seguir dieta da moda. Aqui na editoria Comida de Verdade com Consciência, a gente desmistifica essas ideias malucas de que só pode emagrecer quem vive de frango grelhado e folha de alface. Então bora conversar como gente grande e resgatar o que realmente importa?
O valor nutricional da comida da vó
Talvez você ache que comida de vó é “pesada”, calórica ou até “sem controle”, mas olha só: muitos dos pratos tradicionais preparados por nossas avós têm uma base extremamente nutritiva. Elas cozinhavam com o que vinha da horta, do galinheiro e da roça. Isso significa que estamos falando de:
- Alimentos minimamente processados: raiz, legume, verdura, cereais e carnes sem conservantes.
- Receitas equilibradas naturalmente: proteína, gordura boa, carboidrato complexo e muita fibra.
- Uso de ervas e temperos naturais: que, além de sabor, têm função digestiva e anti-inflamatória.
Vamos pegar um exemplo? A canjiquinha com costelinha suína parece “gordurosa” só de ouvir o nome, né? Mas se feita com cozimento lento, pouco óleo e acompanhada de salada de folhas verdes amargas (tipo rúcula ou escarola), vira uma refeição completa, rica em ferro, zinco, proteína e fibra.
Equilíbrio e contexto são tudo
Vamos combinar uma coisa? Uma receita não engorda ninguém. O que determina o impacto de um prato na sua saúde e bem-estar é o contexto alimentar em que ele está inserido, sua rotina de vida e até o seu lado emocional.
Comida de vó não é fast food. É afeto, cuidado e permanência — valores cada vez mais urgentes num mundo acelerado. E cá entre nós: um purê de batata feito no capricho alimenta mais do que só o corpo. Alimento de verdade nutre a alma.
Desconstruindo a culpa alimentar
Muita gente cria uma relação de medo com comida. Sente culpa por repetir a lasanha da vó no domingo ou por aceitar aquele prato caprichado no almoço de família. Isso gera estresse, compulsão e cansaço mental. E quer saber? Esse drama todo faz muito mais mal do que comer a bendita lasanha uma vez por semana.
Vamos mudar a pergunta de “isso pode ou não pode?” para “isso cabe?”
- Você está sentindo fome de verdade?
- Essa comida vai te trazer prazer sem excesso?
- Ela faz parte do seu contexto alimentar diário?
Se a resposta for sim, se permita. Nenhuma comida sozinha vai sabotar seu emagrecimento. O que sabota é o extremismo, a dieta punitiva e o eterno “começo na segunda”.
Dicas práticas para adaptar receitas afetivas
Claro que em alguns casos a gente pode fazer pequenas adaptações para que aquela receita clássica caiba melhor na sua rotina atual, sem perder sabor nem significado. Olha só:
- Reduza o óleo: refogar com menos gordura (ou usar caldo de legumes caseiro) já faz diferença sem comprometer o sabor.
- Use versões integrais: arroz integral, farinha de aveia e afins ajudam no controle glicêmico.
- Inclua vegetais: dá pra colocar abobrinha no molho da carne moída, cenoura no feijão ou espinafre na lasanha.
- Diminua o açúcar: nas sobremesas, explore frutas maduras, especiarias como canela e baunilha natural para dar sabor.
E lembre-se: adaptar é diferente de mutilar. A gente respeita a cultura alimentar e só faz ajustes quando isso tem propósito.
A comida como memória e pertencimento
Tem coisa mais bonita do que lembrar da casa da vó só pelo cheiro de arroz com alho na manteiga? Ou daquele mingau de milho verde fresquinho com canela, que você tomava no colo dela? A comida não tem só função nutricional — ela é vínculo.
No processo de emagrecimento, incluir alimentos cheios de significado pode te ajudar a manter constância e resgatar o prazer de comer, algo que as dietas restritivas querem roubar da gente.
Inclusive, tem estudos mostrando que pessoas que almoçam com afeto e atenção plena tendem a comer menos e a escolher melhor, mesmo com pratos mais calóricos. Ou seja: comer com presença impacta no seu corpo, no seu humor e até na sua saciedade hormonal.
Você pode comer gostoso e ainda assim emagrecer
Vamos parar de associar comida boa com engorda e comida sem graça com emagrecimento? Isso só gera neuroses. A realidade é que um processo de perda de peso sustentável precisa ser:
- Respeitoso: com sua história, sua cultura e sua realidade.
- Flexível: com espaço para o inesperado e o afeto.
- Nutritivo: comida de verdade sempre vence no longo prazo.
Portanto, da próxima vez que sua avó oferecer um pedaço de bolo de fubá quentinho, feito com carinho, pense com consciência — e não com restrição. Se você come em paz, sente prazer e mantém equilíbrio nas suas escolhas do dia a dia, então esse bolo está mais do que liberado.
Conclusão: o futuro da nutrição está no passado
Olhar pra frente não significa abandonar nossas raízes. Ao contrário: a sabedoria das nossas avós pode nos ensinar muito sobre uma alimentação mais intuitiva, sustentável e gostosa.
Eu, Juliana, vou levantar essa bandeira sempre: comida de vó pode — e deve — entrar no seu plano alimentar. Desde que você esteja consciente, presente e nutrindo mais do que só o corpo: mas também respeito, memória e afeto.
Que tal resgatar aquela receita que marcou a sua infância e repensá-la de forma consciente? Aposto que vai sair um prato cheio de sabor e evolução.
Deixe um comentário