Comer bem com R$ 10 por dia: desafios e vitórias de quem emagrece com pouco no bolso

Comer bem com R$ 10 por dia: desafios e vitórias de quem emagrece com pouco no bolso

Se você acha que emagrecer é um privilégio de quem tem dinheiro de sobra para sacolas orgânicas, marmitas fit gourmet e academias cheias de espelho, deixa eu te contar uma história diferente. Eu sou Cláudia Regina dos Santos, professora aposentada, mãe de três filhos, e mulher que não foge da briga nem quando a luta é com a balança — e com o preço da feira. Quando decidi mudar meus hábitos para emagrecer, meu orçamento diário para alimentação era apertado: só R$ 10. Muita gente riu. Eu respirei fundo e fui provar que dá, sim, pra comer bem e emagrecer com dignidade e criatividade, mesmo com pouco no bolso.

Reviravolta: do desânimo ao planejamento realista

Minha história começa como a da maioria das brasileiríssimas que já tentaram de tudo para emagrecer. Dietas da moda, cápsula disso, shake daquilo… Já vi de tudo, já tentei quase tudo. O que faltava? Pés no chão e um plano que caísse dentro do meu orçamento. Quando percebi que não dava mais pra depender de promessas milagrosas e que o negócio era o bom e velho feijão com arroz bem pensado, comecei a planejar.

Montei um caderninho. Nele, anotava tudo que comia e quanto gastava. E ali veio a primeira virada: parei de pensar em “emagrecer” como coisa cara. Comecei a ver como um game de estratégia, em que eu tinha R$ 10 como arma secreta e precisava vencer a fome, o sedentarismo e os hábitos ruins. Spoiler: tô ganhando!

Resgatando o básico: comida de verdade no centro do prato

Muita gente se engana achando que pra comer bem e emagrecer tem que comprar coisa cara. Comida de verdade — aquela que vem do pé, do campo, do mercado de bairro — é muito mais barata que produtos ultraprocessados. Olha só uma refeição que faço:

  • Arroz integral – R$ 0,80 (uma xícara crua rende o suficiente para duas refeições)
  • Feijão carioca – R$ 0,70 (também dá para duas porções)
  • Ovo cozido – R$ 0,80 cada
  • Abóbora refogada – R$ 1,00 (compra um bom pedaço no sacolão)
  • Salada de cenoura crua com limão – R$ 1,00

Com menos de R$ 5, monto um prato cheio de sabor, cor, fibras, proteínas e afeto. E ainda sobra para o lanche da tarde: banana amassada com aveia e canela, coisa de vó, coisa de rainha!

A chave é o planejamento

Planejar é cozinhar mais de uma vez por semana, é evitar desperdícios, é transformar o arroz de ontem no bolinho do almoço de hoje. Minha cozinha virou meu laboratório de afeto, economia e sabedoria. Aprendi a olhar pro que tenho, não pro que falta. E, olha, é libertador. Principalmente porque esse olhar transformou meu corpo, minha energia e minha autoestima.

Superando pesos invisíveis: emocional, julgamento e comparação

Nem tudo são rosas, é claro. Durante esse processo, enfrentei o lado invisível do emagrecimento com pouco: o julgamento. Já ouvi gente falando que “comer barato é comer mal”, ou que “estou me privando”, como se só existesse prazer naquilo que é caro. Engraçado isso, né? Porque nunca comi com mais consciência, alegria e liberdade do que agora.

Também foi difícil não se comparar. Não é fácil abrir o Instagram e ver marmitinha com salmão selvagem e geleia orgânica de framboesa importada. A gente começa a se sentir pequena. Mas, opa, dei um basta. Sabia que o que me conduzia era propósito, não aparência. Devolvi o foco para o que importa: saúde, energia, disposição para brincar com os netos, subir escada sem bufar, dançar forró em noite de sexta. É isso.

Vitórias que não cabem na balança

Em nove meses, eliminei 18 quilos. Mas essa é só a cifra para quem procura números. Eu prefiro falar das vitórias que não cabem na balança:

  • Consegui deixar de lado o refrigerante, que me acompanhava desde a juventude
  • Voltei a andar 30 minutos todos os dias pelo bairro — e agora até passeio com minha neta junto
  • Durmo melhor, respiro melhor, penso melhor
  • Descobri dezenas de receitas que alimentam o corpo e a alma

Esses são troféus invisíveis, mas gigantes.

Dica de amiga: onde economizar (e onde não)

Eu sou daquelas que adora uma feira livre no fim da manhã só pra pegar a xepa esperta. Não tem vergonha aqui, não. Se bateumnucinho e couve estão mais baratinhos porque já estão maduros, melhor ainda: é economia com sabor!

Onde vale economizar:

  1. Comprar vegetais da estação
  2. Comprar em feiras locais ou direto do produtor
  3. Aproveitar cascas e talos em caldos e refogados

Onde não vale economizar:

  1. Qualidade da proteína (opte por ovos, sardinha, frango com oferta)
  2. Óleos e temperos (use pouco, mas escolha os bons)
  3. Tempo de preparo (não corra, cozinhar com calma economiza do desperdício à frustração)

E não esquece: comida é afeto, não castigo

Muita gente encara dieta como dor. Comer menos passa a ser punição. Mas aqui em casa, o que mudou mesmo foi a relação com o que está no prato. Agora eu cozinho pensando em mim, me coloco no prato com carinho. Tem dias de jacar? Claro. Mas aprendi que equilíbrio é mais poderoso que perfeição.

Se você também está nessa caminhada de emagrecer com pouco dinheiro, te digo: não desista. Respeite suas possibilidades, honre sua rotina e cozinhe com consciência. R$ 10 podem parecer pouco, mas nas mãos de quem sabe cuidar, viram banquete, saúde e transformação.

Com amor, desafios e muitos temperos,

Cláudia Regina dos Santos

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Author: Cláudia Regina dos Santos
Jornalista investigativa com mais de 20 anos de atuação, especializada em saúde e alimentação. Com estilo empático e engajado, destaca questões sociais e estruturais, especialmente ligadas à população negra e periférica. Usa linguagem próxima e acessível para humanizar dados e estatísticas.

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