Emagrecer com SUS: como a atenção primária tem me ajudado com saúde de verdade
Emagrecer com SUS: como a atenção primária tem me ajudado com saúde de verdade
Se você já tentou de tudo pra emagrecer — desde a dieta da lua até a promessa milagrosa do chá da vizinha — e só conseguiu uma gastrite e um cansaço moral, vem cá que eu preciso te contar um segredo: o SUS pode te ajudar (de verdade!) a cuidar da saúde e perder peso com segurança. E eu sou a prova viva disso.
Sou Rafael Lima Costa, e estou aqui na editoria Começando do Zero pra compartilhar como a atenção primária do Sistema Único de Saúde mudou minha vida. Nada de shakes caríssimos, aplicativo que cobra três boletos por mês ou treinos onde personal trainer grita com você como se fosse sargento. Hoje o papo é sobre saúde pública com resultado, empatia e, acima de tudo, realismo pra quem tá começando agora.
Comecei cansado… literalmente
Antes de tudo, deixa eu contextualizar. Eu, um cidadão comum, sedentário profissional, com uma alimentação baseada em delivery de madrugada e um humor instável entre o “só mais um pedaço de pizza” e “segunda eu mudo”. Até que um belo dia fui medir minha pressão por acaso e ouvi de uma enfermeira: “Você tá querendo ser internado ainda novo?”.
A ficha caiu.
Foi aí que comecei a buscar ajuda no Posto de Saúde. Aquela unidade básica de saúde (UBS) que fica no bairro e que eu sempre ignorei achando que só servia pra vacina e atestado médico. O que eu não sabia é que lá existia um batalhão de profissionais prontos pra ajudar gente como eu — que tá começando do zero mesmo.
O que é a atenção primária e por que ela importa?
A atenção primária à saúde (APS) é a porta de entrada do SUS. É onde a galera avalia tua saúde por completo, te acompanha e oferece um cuidado contínuo. Tá achando que é enrolação? Se liga no que tá incluso no pacote desse time:
- Acompanhamento com nutricionista
- Encaminhamento para atividades físicas (tem grupo de caminhada, dança, até alongamento!)
- Controle de pressão, glicose e colesterol
- Psicólogos, se você precisar conversar (spoiler: você vai)
- Educação em saúde pra entender o que tá te fazendo mal
Ou seja, você não emagrece só na balança. Você emagrece nas ideias também. Porque até descobrir que meu emocional tava atrapalhando tudo, foram três sessões com a psicóloga e duas folhas de anotações que viraram confissões.
Primeiros passos: o protocolo da UBS salvou meu ritmo
Na minha primeira consulta, passei por uma triagem completa: pesagem, pressão, IMC, perguntas sobre meus hábitos e histórico familiar. O médico foi firme, mas respeitoso. Me disseram algo que nunca tinha ouvido num consultório particular: “Você não tá aqui pra emagrecer pra caber num padrão. Tá aqui pra viver com mais saúde”.
Fiz os exames (tudo gratuito), recebi orientações da equipe de enfermagem e nutricionista, e comecei a participar de rodas de conversa com outros pacientes. Não tinha competição, não tinha pressão. Tinha acolhimento. Tinha gente como eu, tentando mudar aos poucos.
Nutrição sem terrorismo alimentar
O mais legal é que a nutrição no SUS respeita sua realidade. Nada de falar “come salmão com quinoa orgânica e chia do Himalaia ao acordar”. Eu ganhei um plano alimentar baseado em arroz, feijão, ovo, legumes da feira e frango de promoção. Acredite: funcionou.
A nutri me ensinou um conceito que virou meu mantra: comida de verdade, na medida certa. O foco era reeducação alimentar e não privação. Eu pude continuar comendo coisas que gosto, só precisava ajustar quantidades e horários.
Atividade física com tênis do ano passado
E quando chegou a parte da atividade física, confesso: tive medo. “Corrida? Academia? Maromba em jejum?”. Nada disso. No posto, me indicaram um grupo de caminhada orientada três vezes por semana, com uma educadora física. Gente de todas as idades, inclusive senhorinhas que davam um show de disposição.
Comecei devagar. Caminhada curta no campo de futebol ao lado da UBS. Depois, alongamentos, hidratação e conversa. Além do bem-estar, veio a amizade. Hoje já encaro até escadaria sem perder o fôlego (ok, só um pouco).
Resultados reais (sem antes e depois de Instagram)
A real é que eu comecei esse processo com 108 kg. Hoje, 18 meses depois, estou com 91 kg. Parece pouco? Pra mim é muito. Porque nesse tempo todo reduzi medicação, ganhei disposição, e de quebra, minha autoestima deu uma bela respirada. Ainda tenho um caminho pela frente, mas agora ele é sustentável.
O mais importante: nunca mais precisei fazer dieta da moda, nem pagar caro por soluções milagrosas. Tudo veio através do cuidado contínuo da atenção primária. Com acompanhamento, profissionalismo e respeito à minha realidade.
Mas e se na sua cidade o SUS não tá tão ativo?
Sei que nem toda UBS funciona com a mesma estrutura (infelizmente), mas vale a pena tentar. Vá ao posto mais próximo, peça uma avaliação e pergunte sobre os programas de apoio. Insista. Pergunte por grupos de saúde da família, fale com a ouvidoria da Secretaria de Saúde do seu município se sentir que algo tá errado.
Além disso, o Ministério da Saúde disponibiliza orientações pela internet, cartilhas e guias gratuitos que você pode usar pra aplicar no dia a dia. Em muitos lugares, parcerias com universidades mantêm projetos de extensão abertos ao público.
Começar do zero é possível — e você não precisa começar só
Foi com o SUS que eu, Rafael, viciado em carboidrato e procrastinação, descobri que emagrecer não é um castigo. É parte de um processo de reconciliação com o próprio corpo. Com direito a tropeços, sim, mas com suporte também.
Se você tá aí pensando que saúde pública é só fila e burocracia, dá uma chance. Você talvez encontre, assim como eu, profissionais que acreditam mais na sua saúde do que você mesmo, e que tão ali pra te lembrar que não existe milagre, mas existe cuidado — e saúde de verdade.
Resumo do que funcionou pra mim dentro do SUS:
- Consulta na UBS com avaliação completa
- Encaminhamento para nutricionista e psicólogo
- Inserção em grupos de caminhada e educação em saúde
- Exames e acompanhamento sem custos
- Plano alimentar realista e contínuo
Começar do zero é possível. E quando você tem com quem contar, o caminho se constrói com menos sofrimento e mais propósito. E você? Bora tentar o primeiro passo?
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