Nem fome, nem ansiedade: aprenda a diferenciar e agir com consciência
Nem fome, nem ansiedade: aprenda a diferenciar e agir com consciência
Você já parou em frente à geladeira aberta, olhando cada prateleira como se algum alimento mágico fosse surgir para resolver seus problemas? Pois é… quem nunca, não é mesmo? No caminho da alimentação consciente, diferenciar fome real de ansiedade é tipo aprender a andar de bicicleta: pode parecer difícil no início, mas depois que você entende, sua vida muda.
Oi, eu sou a Juliana Rocha Alves, nutricionista com os dois pés cravados na terra e o coração na comida de verdade. Nesta editoria, Comida de Verdade com Consciência, minha missão não é te dar bronca pelo brigadeiro e sim te fazer olhar pra ele e perguntar: “é você que eu quero mesmo agora?”
Então bora mergulhar nesse papo que mistura neurociência, rotina apressada e (por que não?) um chamego emocional com aquela lasanha da vovó. Mas com consciência. Sempre.
Fome fisiológica vs. fome emocional: entenda a diferença
Antes de tudo, vamos descomplicar o conceito.
O que é fome fisiológica?
É aquela que nasce do corpo. Ele precisa de energia, nutrientes, sustento. Dá sinais claros, como:
- Estômago roncando (clássico);
- Dor de cabeça leve ou tontura;
- Queda de energia ou humor irritadiço;
- Sensação de vazio no estômago.
Essa é a fome que tem lógica biológica. Vem devagar, dá sinais, te deixa aberta a várias opções de alimentos. Ela é paciente e razoável: aceita um arroz com lentilha e salada com alegria.
Já a fome emocional… é drama de novela
Ela vem repentina e exige um tipo bem específico de alimento. Geralmente algo:
- Doce, gorduroso ou crocante (ou tudo ao mesmo tempo);
- Que provoque sensação de recompensa imediata;
- Que “consola”, “preenche” ou “distrai”;
- Associado a memórias afetivas.
A fome emocional vem junto com sentimentos: ansiedade, tristeza, tédio ou até alegria intensa. E sabe o mais curioso? Logo depois que você come, ela não some — ela se transforma em culpa, inchaço ou apatia.
A boa notícia? Dá sim pra identificar — e agir com consciência.
A ciência por trás dessa confusão toda
Nosso cérebro tem uma região chamada hipotálamo, que regula a fome fisiológica. Mas outra parte, o sistema límbico, é responsável pelas emoções. Quando você está ansiosa, seu corpo pode liberar cortisol e aumentar a vontade de consumir alimentos energéticos e recompensadores, conhecidos como “comfort food”.
Além disso, a dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer, também dá as caras. Comer aquele chocolate ativa a sensação de “ufa, fui acolhida”. Mas ela dura? Não. E aí vem mais ansiedade, mais vontade de comer… e o ciclo recomeça.
Como identificar quando é fome ou ansiedade?
1. Faça uma pausa de 3 minutos
Sim, literalmente. Antes de atacar o pacote de biscoito, pare por 3 minutos. Beba um copo d’água. Respire fundo. Observe seu corpo.
Se for fome real, ela continuará ali, sem drama. Se for emocional, geralmente ela dá uma trégua ou questiona: “será que não era outra coisa que eu queria agora?”
2. Reflita: o que você realmente está sentindo?
Tédio, estresse, carência, frustração… São sentimentos completamente legítimos, mas comida não é remédio pra eles. Escreva, fale, sinta. Só não engula.
3. Pergunte: “Eu comeria uma maçã agora?”
É um teste clássico! Fome verdadeira aceita maçã. Se sua vontade é só por pizza, chocolate ou salgadinho, temos ali um desejo emocional bem específico.
Como agir com consciência — e sem neura!
1. Escute seu corpo todos os dias
Alimentação consciente é prática, não doutrina. Comece aos poucos. Observe seus sinais de fome, saciedade e preferências alimentares. Faça as pazes com o prazer de comer, sem culpas. Comer com presença é libertador.
2. Organize sua rotina alimentar
Ficar muito tempo sem comer só aumenta a chance da ansiedade gritar. Estabeleça horários regulares e refeições equilibradas. Almoço não é ocasião especial — é autocuidado diário, minha querida.
3. Tenha uma “caixa de primeiros-socorros emocionais”
Monte uma lista de ações não-comestíveis que te tragam conforto ou distração. Pode ser:
- Ouvir música favorita;
- Escrever num caderno de sentimentos;
- Tomar um banho quente e demorado;
- Fazer 5 minutos de alongamento ou yoga;
- Ligar para alguém de confiança.
Comida é maravilhosa. Mas nem sempre é ela que você precisa naquele momento.
4. Não julgue seu comportamento. Compreenda.
Julgar não ajuda. Comer emocionalmente não é fraqueza — é uma estratégia que seu corpo aprendeu. Vamos substituí-la por outras mais eficazes? Com acolhimento e respeito à sua história.
A diferença está na consciência. E consciência se constrói
Se permita errar e aprender. Você vai comer por ansiedade de novo? Provavelmente. Mas com o tempo, vai perceber mais rápido. Vai respirar antes. Vai escolher diferente. Vai escolher por você, e não pelos seus gatilhos emocionais.
Comer conscientemente é um jeito de estar no mundo. É colocar presença em cada garfada, atenção em cada sinal do corpo, e compaixão em cada escolha. E isso, minha amiga, alimenta muito mais do que o estômago.
Quer continuar essa jornada com carinho e leveza? Fica comigo aqui na editoria Comida de Verdade com Consciência. Vamos juntas construir uma relação saudável com o que comemos — e com o que sentimos também.
Com afeto e uma pitada de pimenta-do-reino,
Juliana Rocha Alves
Nutricionista e defensora da comida real sem terrorismo nutricional
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