‘O que me faltava não era força, era acolhimento’: a importância do apoio no processo de emagrecimento

‘O que me faltava não era força, era acolhimento’: a importância do apoio no processo de emagrecimento

Durante muitos anos, eu achei que o meu problema era preguiça. Ou falta de foco. Ou talvez uma resistência inexplicável a legumes verde-escuros. Mas hoje, olhando pra trás, vejo com clareza: o que me faltava não era força… era acolhimento. E é sobre isso que quero conversar com você agora, de mulher pra mulher, de gente que já chorou no vestiário da academia pra gente que já fingiu estar satisfeita com meia folha de alface no prato.

Emagrecer nunca foi só fazer dieta ou entrar numa rotina de treinos. Pra mim — Cláudia Regina dos Santos, prazer! — o emagrecimento sempre esteve profundamente amarrado à forma como eu me sentia por dentro, com as pessoas ao redor e comigo mesma. Por muitos anos, senti que precisava provar meu valor através do número na balança. Até perceber que nenhum número resolveria o vazio emocional da ausência de apoio verdadeiro.

O peso que ninguém vê

Antes de começar a perder peso no corpo, precisei perder o peso invisível: o medo do julgamento, a vergonha do meu reflexo no espelho, e principalmente, a sensação de solidão. Não tem nada mais cruel do que tentar mudar a própria vida e se sentir sozinha em cada passo. É como plantar uma árvore no asfalto — por mais que você regue e acredite, ela não vai florescer sem solo.

Eu me lembro de uma vez, chegando chorando na casa da minha irmã depois de tentar uma aula experimental de spinning. Fui embora no meio. Me senti um ET. As pessoas se olhavam no espelho; eu só queria desaparecer. Ela me abraçou e disse: “Você não precisa ir lá. Mas se quiser tentar de novo, eu vou com você. Mesmo que seja só pra rir junto.”

Essa pequena frase mudou tudo. Porque, pela primeira vez, eu não senti que tinha que enfrentar tudo sozinha pra merecer uma versão melhor de mim. Eu tive alguém. Eu fui acolhida. E isso me fortaleceu de um jeito que nenhuma tabela de calorias ou escalas de IMC jamais conseguiria.

O apoio como motor de mudança

Tem gente que acha que apoiar alguém no emagrecimento é ficar dando palpite de dieta, ou dizer “ah, mas você tem um rosto tão bonito”. Não é sobre isso. Apoio verdadeiro é escutar sem julgar, é estar presente, é não rir da roupa de treino que não combina, é não comentar sobre o prato cheio no almoço de domingo.

Durante minha jornada, descobri três formas de apoio que mudaram completamente minha trajetória — e que podem mudar a sua também:

1. Apoio emocional

Chorar e ser ouvida. Rir das recaídas com alguém do lado. Receber um “vai ficar tudo bem” que você acredita. Quando estamos fragilizadas, um abraço sincero tem mais poder do que qualquer suplemento proteico.

2. Apoio social

Ter alguém pra caminhar junto, literal ou simbolicamente. A prima que te chama pra cozinhar receitas mais saudáveis. O amigo que diz “vamos juntos?” na hora de ir pra academia. O emagrecimento não precisa (e não deve) ser um castigo solitário.

3. Apoio profissional

Buscar ajuda de psicólogas, nutricionistas, educadores físicos… Profissionais que saibam que você é mais do que um corpo. Eles ajudam a reconstruir sua relação com a comida, com seu corpo e com sua autoestima.

Emagrecer com acolhimento: uma nova perspectiva

Hoje, depois de 28 quilos a menos e muito mais amor-próprio a mais, entendi que a grande virada não foi um plano alimentar revolucionário ou uma suspensão repentina de carboidrato. Foi o momento em que percebi que não precisava ser forte o tempo todo. Que vulnerabilidade é potência. Que reconhecer que precisa de ajuda é o primeiro passo para se libertar de padrões cruéis e expectativas irreais.

Até porque, sejamos francas: não existe padrão de beleza capaz de preencher o vazio que a falta de afeto deixa. Do que adianta caber no 38 se você não cabe no seu próprio sorriso?

Depoimentos que aquecem o coração

Durante minha jornada, tive o privilégio de conhecer outras mulheres que também encontraram apoio no caminho da transformação. Veja alguns depoimentos:

  • Juliana, 36 anos: “A maior diferença foi quando minha mãe parou de me cobrar e começou a me ouvir. Foi ali que consegui entender minha relação afetiva com a comida.”
  • Marileide, 44: “Encontrei num grupo de vizinhas o acolhimento que não tive em anos. Toda terça a gente caminha e conversa. Às vezes nem falo de emagrecimento, mas saio mais leve.”
  • Ana Cristina, 29: “Meu terapeuta foi o divisor de águas. Eu achava que só precisava perder barriga. Descobri que precisava era perder culpa.”

Você não precisa ser heroína solitária

Se eu pudesse deixar uma única frase colada na sua geladeira seria: não é falta de força, é falta de colo. Você já tem resistência, inteligência, disciplina. O que talvez esteja faltando é um “tô com você” genuíno que te lembre que sua jornada não é um campo de batalha, e sim um caminho onde você pode respirar, parar, voltar e recomeçar quantas vezes quiser.

Portanto, minha querida, seja você o apoio para alguém. Peça apoio quando sentir que não dá mais. Porque o emagrecimento pode até começar sozinho, mas ele floresce mesmo é junto. Junto com carinho, com presença, com escuta. Com afeto.

E se em algum momento você achar que não pode contar com ninguém, saiba que aqui, neste espaço, você pode contar comigo — porque todas as vezes que eu escrevo, escrevo como se estivesse escrevendo para aquela Cláudia antiga que só precisava ouvir: “você não está sozinha”.

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Author: Cláudia Regina dos Santos
Jornalista investigativa com mais de 20 anos de atuação, especializada em saúde e alimentação. Com estilo empático e engajado, destaca questões sociais e estruturais, especialmente ligadas à população negra e periférica. Usa linguagem próxima e acessível para humanizar dados e estatísticas.

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